“Eu vivi a UFG 24 horas por dia”, conta jornalista Pablo Kossa, egresso da UFG
Além de ter atuado em diferentes funções na Universidade, a formação cultural e as amizades marcaram sua trajetória acadêmica
Texto: Ana Paula Vieira
Fotos: Acervo pessoal
Conhecido na imprensa goiana e na cena cultural do estado, o jornalista Pablo Kossa cursou Comunicação Social na UFG entre 1999 e 2002, mas o vínculo com a Universidade é bem maior do que o de estudante de graduação. Pablo foi técnico-administrativo no cargo de jornalista, lotado na Rádio Universitária, professor substituto na então Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (hoje Faculdade de Informação e Comunicação - FIC), aluno da graduação em Direito e do mestrado em Comunicação. “Acho que é um caso raro, pouca gente viveu a Universidade Federal ao mesmo tempo como professor, aluno e servidor”, conta Pablo.
Atualmente no ar no programa Falando Sério, da Rádio Interativa, concursado no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e gerenciando seu canal no Youtube, onde exerce o jornalismo opinativo e interpretativo analisando principalmente fatos políticos, Pablo enfatiza a importância do jornalismo regional: “O desafio é grande para as empresas regionais. Quem vai olhar para Goiânia se não formos nós? Quem vai dar voz às pessoas? A informação é necessária”.
Além das histórias e análises do Jornalismo e da Comunicação, em entrevista ao Sempre UFG, Kossa também destaca a cena cultural na UFG e relembra histórias de eventos e amizades da época da Universidade, sem perder o olhar crítico para a remuneração da profissão e para os eventos culturais atuais.
Como foram seus anos de estudo na UFG?
Eu prestei o vestibular em 1998 e entrei em 1999. Eu fiz escola técnica, então foram quatro anos de segundo grau. Quando entrei no Jornalismo, eu tinha 19 para 20 anos, era diferente da rapaziada que em geral entrava com 17. Isso acaba interferindo nas relações, eu já tinha carteira de motorista, por exemplo. Parece pouco, mas nessa idade é uma grande diferença. Foi um momento muito bom, eu me orgulho muito de fazer parte da minha turma, que tem gente de destaque do jornalismo em Goiás e no Brasil. Fiz a graduação entre 1999 e 2002, e foi essencial para tudo que eu faço até hoje. Pessoalmente, na fase da escola técnica as experiências são mais intensas, as descobertas têm mais impacto; mas, profissionalmente, tenho muito orgulho de ter a UFG como uma marca indelével da minha história.
Depois você também fez o mestrado em Comunicação e retornou para a UFG?
Sim, eu fiz concurso para a UFG em 2004 e fui lotado na Rádio Universitária como jornalista. Depois fui aluno no curso de Direito e professor substituto na Facomb [Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia]. Eu vivi a UFG 24 horas por dia, mudando os prédios, mas dentro da UFG. Depois deixei o Direito e o cargo de professor substituto quando passei no mestrado em Comunicação, fui da segunda turma. Em março de 2006, passei no concurso do Incra, onde estou até hoje.
Quais são suas principais lembranças da época da UFG?
Em 1999, teve uma manifestação do transporte alternativo e um perueiro morreu dentro do Câmpus. Na época, não tinha celular e eu atrasei para chegar em casa, porque fui com o pessoal da turma para o Bar Rio (foto). Eu morava em Goiânia com a minha avó e aí liguei do orelhão para avisar que eu não ia almoçar em casa. A minha avó estava desesperada, porque tinha visto as notícias da manifestação na televisão, mas eu nem estava sabendo o que tinha acontecido. É um caso engraçado, numa tragédia. Lembro também dos shows perto do CC [Centro de Convivência], em frente à FAV [Faculdade de Artes Visuais]. Tinha eventos grandes, do movimento estudantil, depois veio a rapaziada do Festival Perro Loco, eram eventos fantásticos, tinha muita coisa legal. Hoje eu sei que tem a parte das Atléticas, mas antes a balada da universidade tinha um requinte intelectual, com artistas que não iam na obviedade do mercado.
Como a formação na UFG refletiu na sua vida e carreira? Quais foram as marcas que ficaram?
Primeiro, antes de tudo, a chancela da UFG, quando você exibe UFG no seu currículo, as pessoas já olham com mais cuidado. No meu momento, só tinha o curso de Jornalismo na UFG e ao longo da trajetória foram abrindo outros cursos nas universidades privadas. Hoje, a chancela da UFG é um carimbo de qualidade na área de comunicação, o que não quer dizer que só a UFG forma gente boa, mas o diploma de graduação depois de todas as exigências vem com essa chancela. Além disso, a UFG me impacta na formação cultural, nas possibilidades que eu tive. Tinha um projeto na biblioteca que passava filmes alternativos. Em um mundo pré-internet, tínhamos acesso a uma programação alternativa ali no auditório no subsolo da Biblioteca, ainda não tinha o Cine UFG. Essa parte foi muito importante para minha formação cultural. E até hoje tem os amigos da turma, agora na pandemia nos reencontramos em um grupo de whatsapp e a gente começou a trocar ideia, cada um se apresentou e contou o que está fazendo. Tinha gente que eu não tinha notícia desde quando a gente formou.
Você ainda mantém o vínculo com a Universidade? Como?
Meu vínculo com a UFG eu mantive na amizade com professores, como o Signates e Joãomar, além de outros colegas como Rodrigo Cássio, com quem fiz mestrado, e Daniel Christino. Eventualmente eu vou ao Música no Câmpus, tem show que não dá pra perder. Acabo frequentando a UFG. Agora, a vontade de fazer o doutorado bateu, mas preciso me organizar, porque são 4 anos de dedicação.
Atualmente você está no ar na Interativa FM, trabalha no Incra, gerencia seu canal no Youtube. Como vê esse momento atual da carreira?
O canal no Youtube eu comecei a focar agora na pandemia. No jornalismo, todo dia tem um assunto para falar e a gente é muito inquieto. Quando entrei no curso, eu pensava em trabalhar no impresso, meu sonho era trabalhar na Folha de São Paulo ou na Revista Bizz, mas acabou que eu nem saí de Goiânia. A vida vai colocando coisas novas, a vida vem e te derruba. Vejo que a imprensa nacional consegue se impor pela sua abrangência; já a imprensa regional tem grandes desafios e a internet é uma possibilidade para quem está em uma cidade periférica, como Goiânia. Além disso, jornalista tem que jogar nas 11 para garantir a renda e uma vida minimamente digna.
Para acompanhar o trabalho de Pablo Kossa, basta seguir seus perfis nas redes sociais: facebook.com/pablokossa; @pablokossa (Instagram e Twitter) e youtube.com/pablokossa.
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Fonte: Sempre UFG
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