Teatro e Comunicação se misturam na trajetória do egresso Hélio Fróes
Ex-aluno de Rádio e TV é um dos fundadores da Cia. de Teatro Nu Escuro, que estreou no Teatro Universitário da UFG
Hélio Fróes, egresso do curso de Rádio e TV da UFG, levou mais do que a formação acadêmica da Universidade: construiu uma experiência artística. Estudante de Comunicação mas vindo da área do Teatro, ele participou da criação do Teatro Universitário, espaço que seria o embrião do hoje Centro Cultural da UFG. Junto com outros estudantes, ajudou a preparar e reformar o local, e também ali montou, ensaiou e estreou a primeira peça da sua Companhia de Teatro Nu Escuro, que hoje está prestes a completar 25 anos de atuação e tem circulação nacional. “Minha trajetória está muito vinculada ao Teatro, apesar de eu trabalhar com cinema e TV, e muito do que eu aprendi no curso de Comunicação tem reflexo no meu fazer teatral”, contou Hélio.
Nesse processo de formação, o diretor, dramaturgo e roteirista lembra a convivência com estudantes de diversos outros cursos da UFG, como na criação do projeto Pronto Sorriso, da Faculdade de Medicina, que realiza visitas a pacientes do Hospital das Clínicas levando encenações, brincadeiras e atividades para minimizar a dor e o desconforto do tratamento hospitalar. Em entrevista ao Sempre UFG, Hélio lembrou dessa e de outras histórias do seu fazer artístico, teatral e audiovisual na Universidade.
Em que época você estudou na UFG? Como foi esse período na Universidade?
Me graduei em Rádio e TV entre os anos de 1994 e 1999 na Facomb [Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia, hoje Faculdade de Informação e Comunicação - FIC]. Eu venho do teatro, mas na época não existia o curso de Artes Cênicas, não tinha Publicidade, e eu queria algo relacionado à criação. Rádio e TV era o que mais se aproximava, mais que o jornalismo, porque eu achava que podia me dar mais margem para a produção de ficção.
Quais são as principais lembranças daquela época?
Foi muito bom, tenho boas lembranças. Tem um professor, que é o Sandro di Lima, que estava cedido para a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e veio com o intuito de reestruturar o teatro universitário. Fui monitor da Pró-Reitoria e ajudei a estruturar um curso de extensão que tinha gente da Medicina, Direito, Comunicação, várias pessoas participando. Usamos o espaço que hoje é o Centro Cultural da UFG, mas lá era um depósito. Tivemos que tirar um monte de maquinário antigo, os próprios alunos pintaram o espaço, foi uma coisa muito divertida, anárquica e improvisada. A Quasar Cia. de Dança já ensaiava lá nos fundos. A primeira peça que a gente monta nesse espaço foi chamada Boca do Inferno, baseada nos poemas de Gregório de Matos. Para arrecadar dinheiro, fizemos uma festa chamada La Boca do Inferno, ao lado da CEU [Casa do Estudante Universitário], conseguimos o dinheiro e foi ótimo. Outra coisa muito bacana que eu participei foi a eleição para a Reitoria em 1998, disputada por Milca Severino e Raquel Teixeira. Juntamos todas as turmas de Rádio e TV, fizemos uma rádio comunitária e ficamos 24 horas no ar direto. Foi uma loucura. Reale Palazzo era da minha turma, ele que inventou o nome de Magnífica para a rádio, por causa de “magnífica reitora”. Com o professor Nilton [Nilton José dos Reis], fizemos um documentário com os sem terra.
Quais foram os reflexos da formação na UFG para a sua vida e carreira?
Minha trajetória está muito vinculada ao Teatro, apesar de eu trabalhar com cinema e TV, e muito do que eu aprendi no curso de Comunicação tem reflexo no meu fazer teatral. Os teóricos, da recepção, por exemplo, a relação com o público, todos esses conceitos são muito fortes na forma como vejo o teatro. A bagagem teórica da Comunicação tem reflexo direto na Cia Nu Escuro. Além disso, tenho vários amigos e parceiros da época da UFG, como o professor Lisandro [Lisandro Nogueira].
Você ainda mantém o vínculo com a Universidade?
Fui professor da Emac [Escola de Música e Artes Cênicas] durante dois anos, em 2014 e 2015. Hoje, sou professor da Escola Basileu França, do estado, então mantenho o vínculo principalmente com a Emac. A gente troca figurinhas e se comunica.
Atualmente, quais são os principais temas do seu trabalho?
Além do teatro, estou cada vez mais entrando no audiovisual. Estou escrevendo e dirigindo duas séries voltadas para o público infantil: Vila Mariote (em fase de finalização) e Onde Se Esconde No Mundo Conde? (em fase de roteiro), ambas feitas com a Balaio Produções Culturais. Vila Mariote é sobre uma vila de bonecos que de repente se depara com um ser misterioso e as pessoas que o encontram congelam de medo; aí duas crianças vão tentar resolver esse problema. Onde se esconde mistura atores e bonecos e uma criança que, toda vez que tem medo, se esconde, vai parar em um mundo fantástico e tem que lidar com seus próprios medos. Esse roteiro está escrito há tanto tempo e agora no meio da pandemia, está dialogando muito com esse tema, que aborda o fato de as crianças poderem expressar seus sentimentos. As séries são patrocinadas pelo Fundo de Cultura e pela Ancine.
Você é um dos fundadores da companhia Nu Escuro, é ator, diretor. Como está a carreira atualmente?
A Companhia de Teatro Nu escuro estreou lá no teatro universitário. Começou na Escola Técnica [Escola Técnica Federal de Goiás, hoje Instituto Federal de Goiás], vai fazer 25 anos ano que vem. O pessoal veio da escola técnica e entrou na universidade em diferentes cursos e nós demos continuidade. Atualmente, estamos com uma série de eventos online e estamos montando um espetáculo para março de 2021. Estamos na fase do texto, ainda sem saber muito bem como será, devido à pandemia. Nós estamos aprendendo como adaptar o trabalho para produtos online, assistindo muita coisa de muitos grupos, aprendendo com esses que estão trabalhando e tentando fazer tudo com o maior zelo possível, que é uma marca da Nu Escuro. Temos 25 anos nos apresentando e fazemos com a melhor qualidade possível, mas é bem difícil nesse momento, ainda mais nosso teatro que tem um vínculo popular forte, de interação com o público, presença, questões que são muito caras para o nosso processo. Para a gente, não está fácil, mas estamos pensando e tentando fazer o melhor possível. Mesma coisa para a minha carreira enquanto professor. Foi uma surpresa, não deu tempo de se preparar. Com meus alunos, estou trabalhando muitas webseries para instagram, videoperformance no YouTube, formas de exercitar a interpretação e usando estratégias das novas mídias. Os próprios alunos, na maioria adolescentes, consomem bastante esses formatos. Hoje em dia, com os filtros, utilizando bem a linguagem de web, eles dominam; a gente experimenta isso e pensa as possibilidades junto com essa meninada.
Para saber mais e acompanhar o trabalho de Hélio na Companhia Nu Escuro, acesse: https://linktr.ee/nuescuro.
É egresso da UFG e quer contar a sua história para a gente? Entre em contato: sempreufg@ufg.br.
Fonte: Sempre UFG
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